sábado, 3 de março de 2012

De entregador de pizza a 'iluminado', Dátolo quer título para justificar contratação Em entrevista exclusiva ao GLOBOESPORTE.COM, argentino abriu a casa e contou como está sendo a adaptação em Porto Alegre


Estilo e topete de astro de rock e nome de salvador. Esse é Jesus Dátolo, o argentino “iluminado” do time do Inter. Autor de dois gols em três jogos com a camisa vermelha, o argentino sonha em justificar a contratação com títulos.

Em entrevista exclusiva ao GLOBOESPORTE.COM, o meia argentino de 27 anos abriu a nova casa, em fase de decoração, localizada em um condomínio de luxo na zona sul de Porto Alegre. Ainda com dificuldades com a língua portuguesa, contou em espanhol detalhes da adaptação ao Inter e à cidade gaúcha.
- Gostaria muito de conquistar título pelo Inter, fazer com que fiquem contentes com minha contratação - contou, em uma ampla sala de estar, com direito a mini projetor de cinema e videogame PlayStation 3.

Mas nem sempre o argentino teve vida tranquila. Nascido em Carlos Spegazzini, distrito de Buenos Aires, teve de suar desde a adolescência. Chegou a trabalhar como entregador de pizza e auxiliar de cozinha, em uma família grande composta por 10 irmãos.
- Tive de queimar etapas rapidamente para conciliar o trabalho com o futebol. Nos dividíamos entre os irmãos. Mas tenho o reconhecimento de crescer e ter mantido o que sempre fui - ponderou.
Dátolo, meia do Inter (Foto: Diego Guichard / GloboEsporte.com)Dátolo mora em uma casa localizada na zona sul de Porto Alegre (Foto: Diego Guichard / GloboEsporte.com)
Dátolo também falou das inspirações, como Verón, Kily González e Diego Maradona, o qual considera o melhor jogador de todos os tempos. Foi sob o comando do treinador, aliás, que marcou o principal gol da carreira, justamente contra a Seleção Brasileira na derrota de 3 a 1, em 2009, pelas Eliminatórias da Copa de 2010.
GLOBOESPORTE.COM - Como avalia tua passagem pela Europa?
Eu passei muito tempo lesionado, mas é necessário sempre tirar coisas positivas de fatos ruins. No Napoli tive a possibilidade de ser convocado para seleção. Já pelo Olympiakos, disputei a Liga dos Campeões. Minha passagem não foi a melhor, mas é necessário sempre olhar para o lado positivo.
Dátolo, meia do Inter, quando atuava pelo Napoli (Foto: Arquivo pessoal / GLOBOESPORTE.COM)Pelo Nápoli, chegou a seleção argentina
(Foto: Arquivo pessoal / GLOBOESPORTE.COM)
Dátolo - Antes de ser contratado, estava entre Inter e Vasco? Por que escolheu Porto Alegre?
Não, sempre o Inter. Tomei a decisão porque me falaram que era uma proposta séria do Inter. Foi uma decisão difícil para mim.
Gostei da cidade não só pelo futebol, mas pelo ambiente fora de campo. O povo aqui me trata super bem. Estou feliz.

O que gosta de fazer quando não está na concentração?
Gosto de jogar tênis com amigos, estar com a família, com as pessoas que mais gosto. Aqui em casa, há uma tela grande para filmes. Gosto de estar aqui.
O que o seus pais falam do nome Jesus? Por que o escolheram?
Quando minha mãe quando estava grávida, assistiu um filme com a história de Jesus. Já meu pai queria que eu me chamasse de Jonathan. Mas minha mãe insistiu: “porque não Jesus”? E ficou. Gostei do nome porque sou muito religioso.
Jesus é um nome iluminado. Você se considera assim?
Sinceramente, cada um tem que crer em si próprio. Obviamente, é necessário ter sempre uma referência. Dentro de campo é preciso ter coragem e garra, por mais que existam outras muitas coisas a favor.

Chegou a trabalhar antes de ser jogador profissional? Fazia o quê?
Sim, fui entregador de pizza e ajudante de cozinha. Trabalhava para sobreviver. Quando era criança, não tinha as coisas que tenho hoje. Tinha que trabalhar. Éramos entre 10 irmãos. Trabalhamos nos momentos quando podíamos. Não era fácil.
Dátolo, meia do Inter (Foto: Arquivo pessoal / GLOBOESPORTE.COM)Dátolo foi criados em Carlos Spegazzini, distrito de Buenos Aires, ao lado de nove irmãos
(Foto: Arquivo pessoal / GLOBOESPORTE.COM)
Quais as tuas inspirações no futebol argentino no início da carreira? 
Na época que comecei a jogar na minha posição tinha o Kily González e o La Bruja (apelido do Verón). Eu tentava copiar alguns movimentos, o estilo de jogo.
Na época que comecei a jogar na minha posição tinha o Kily González e o La Bruja (o Verón). Eu tentava copiar alguns movimentos
Jesus Dátolo
Como é tua relação com o Maradona?
Nossa relação é excelente. Tive a sorte de conhecê-lo no Boca Juniors. E depois, atuei com ele em duas partidas na seleção. Foi muito especial para mim ter ele como treinador. Na minha opinião, o Maradona é o melhor jogador de todos os tempos. Os gols foram para ele.
Para o Inter e os gaúchos, a Libertadores é sempre prioridade. Parece que para os argentinos também. Com vocês tratam essa competição? 
É a Champions League da América do Sul. Creio que todos sul-americanos almejam disputá-la e ganhá-la. É o sonho de cada jogador.
Dátolo, na Grécia, quando atuou pelo Olympiakos (Foto: Arquivo pessoal / GLOBOESPORTE.COM)Dátolo, na Grécia, quando atuou pelo Olympiakos (Foto: Arquivo pessoal / GLOBOESPORTE.COM)
Como foi em 2007, quando jogava pelo Boca Juniors e enfrentou o Grêmio na decisão da libertadores?
Era outro momento. Foi um lindo momento para desfrutar e jogar, ganhar em campo do Grêmio e sair campeão. São coisas boas que ficam para a vida. Disseram que era para entrar em campo como se fosse um clássico, que era igual ou pior do que Boca e River. Já estávamos em um ambiente de clássico.
 Qual o gol mais marcante na tua carreira?
Creio que contra o Brasil. Foi algo muito bonito na minha vida, era o clássico sul-americano, estávamos enfrentando jogando contra uma das melhores seleções do mundo. Para mim, foi o gol mais bonito. Tirando a parte de que perdemos, obviamente...

Qual é exatamente a tua posição? Onde prefere atuar no campo?

Não tenho preferência, já que eu gosto muito de jogar futebol. Obviamente que não vou atuar de goleiro. Minha posição é essa que venho atuando, como terceiro do meio-campo ou mais adiantado. Como o treinador decidir.
Estou treinando para retomar meu nível. Estava há um mês e meio sem jogar, sou consciente disso. Tenho muito para dar no Inter
Dátolo
E no Inter, quais objetivos?
Primeiro, trabalhar, trabalhar e trabalhar. É necessário ser assim para chegar amanhã e ter chance de conquistar algo. Gostaria muito conquistar título pelo Inter, fazer com que fiquem contentes com minha contratação.

Como você está para ser para Dorival Júnior essa nova opção no time?
Muito bem. Estou contente, trabalhando todos os dias. Estou treinando para retomar meu nível. Antes de chegar no Inter, estava há um mês e meio sem jogar, sou consciente disso. Tenho muito para dar aqui pelo Inter.
Dátolo, reforço do Inter, chega a Porto Alegre (Foto: Tomás Hammes/Globoesporte.com)Dátolo chegou a Porto Alegre com pompa de astro de rock (Foto: Tomás Hammes/Globoesporte.com)

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